Feminismo
O feminismo é um movimento de mulheres que lutam contra as opressões vivem por serem mulheres.
Ao longo dos últimos séculos, mulheres em todo o mundo perceberam não ter os mesmos direitos que os homens. Por exemplo, até o século XX, mulheres não podiam votar nas eleições e trabalhar fora de casa em vários países.
Por isso, diversas mulheres se uniram em vários movimentos que buscam a igualdade de condições entre homens e mulheres. Esses movimentos receberam o nome de feminismo.
O que é feminismo
O feminismo é um conjunto de movimentos políticos, sociais, ideológicos e filosóficos que buscam um único objetivo: direitos que possam conceder a mulheres condições dignas de existência. Sendo assim, o feminismo é um movimento organizado de luta contra as opressões que as mulheres vivem.
Entre as opressões que as mulheres feministas são contra, estão a diferença salarial entre homens e mulheres, o abuso sexual e a falta de liberdade de escolha da mulher, por exemplo. Além disso, o feminismo também busca conquistar para mulheres espaços na sociedade que são predominantemente masculinos, como posições de poder em empresas.
Ao contrário do que muitos pensam, o feminismo não é o contrário de machismo. Enquanto o feminismo é um movimento que luta pela igualdade entre gêneros, o machismo é um comportamento que coloca o homem como superior à mulher.
O que o feminismo defende
Existem diversas correntes de pensamento dentro do movimento, as causas mais comumente defendidas são:
- Mulheres são pessoas e merecem direitos iguais;
- Mulheres devem ganhar salários iguais aos homens que desempenham a mesma função;
- Os afazeres domésticos não unicamente responsabilidade da mulher e sim dos homens e das mulheres;
- Nenhuma mulher é propriedade, portanto nenhum homem tem o direito de determinar o que a mulher pode ou não fazer e até mesmo de agredir uma mulher;
- Da mesma forma, nenhuma mulher deve estar em um ato sexual sem consentimento. Caso contrário, é um estupro;
- O corpo da mulher é direito somente da mulher;
- A voz das mulheres precisa ser valorizada e não menosprezada e silenciada;
- A existência da mulher não deve ser resumida à beleza;
- Participação feminina na política do país;
- Fim dos casamentos arranjados, especialmente no caso de crianças e adolescentes.
Quando e onde surgiu o feminismo
A primeira iniciativa que defendia direitos iguais para mulheres no âmbito político foi durante a Revolução Francesa, sob influência dos ideais iluministas e liberais. Durante a revolução, foi criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que concedia direitos individuais e coletivos a todos os seres humanos.
Em contraposição, Olímpia de Gouges criou a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791. No documento, as desigualdades existentes entre os gêneros eram criticadas. A declaração não foi aceita como um documento oficial, mas mostra que já existiam mulheres lutando pela emancipação feminina no passado.
Os primeiros movimentos feministas surgiram apenas no século XIX e no início do século XX no Reino Unido e nos Estados Unidos. Sendo assim, o feminismo surgiu por volta da metade do século XIX no Reino Unido e nos Estados Unidos, mas se espalhando rapidamente para outros países, como a França.
História do feminismo
Logo no início do movimente, no século XIX, o feminismo buscava direitos de propriedade para mulheres, além de pedir o fim dos casamentos arranjados e da posse do marido sobre sua esposa.
Mais tarde, as primeiras feministas também passaram a lutar por direitos políticos, especificamente pelo direito ao voto. Essa primeira iniciativa é conhecida como a primeira onda do feminismo, marcada pelas conquistas políticas em diversos países.
Em seguida, por volta da metade do século XX, a luta feminista continuou exigindo a reforma das leis da família e passou a focar também na luta contra a desigualdade. Nesse período, as mulheres da França conquistaram o direito de trabalhar fora de casa sem permissão de seu marido, por exemplo.
Essa fase do movimento ficou conhecida como segunda onda do feminismo e é marcada também pelo livro “O Segundo Sexo”, da filósofa Simone de Beauvoir. Nele, ela descreve a situação da mulher como inferior na sociedade e fala sobre como a mulher é definida pelo olhar masculino, não por si mesma.
Coexistindo com a segunda onda, existe atualmente a terceira onda do feminismo, que se iniciou na década de 1990. Nesse momento, o feminismo passou a debater outras experiências de diversos tipos de mulheres, considerando também outras causas de opressão, como raça e classe social.
Com o surgimento da Internet e o apoio de organizações não governamentais (ONGs), mais mulheres passaram a ter acesso ao movimento feminista em diversos lugares do mundo. Isso possibilita que mais pressão seja feita sobre o Estado para o desenvolvimento de políticas públicas para mulheres.
Feminismo no Brasil
Inspiradas no movimento feminista europeu, as primeiras feministas a se manifestar pela igualdade das mulheres no Brasil foram Nísia Floresta, Bertha Lutz e Jerônima Mesquita. Na década de 1920, por exemplo, Bertha Lutz criou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino e, em 1947, fundou o Clube Soroptimista, uma associação internacional para ajudar a melhorar a condição de vida de mulheres.
Na política, a constituição de 1891 assegurava o voto para as mulheres, mas era mal interpretada pelo termo “cidadãos” ser somente associado a homens. Assim, em 1928, a escritora e advogada Mietta Santigo conseguiu uma sentença para que pudesse votar em si mesma como deputada federal.
Ela não foi eleita, mas o acontecimento inspirou a Alzira Soriano, em 1929, a se candidatar para um cargo político no Rio Grande do Norte. Alzira ganhou as eleições, tornando-se a primeira mulher a ser eleita para um mandato político no Brasil, enquanto Mietta foi a primeira a exercer plenamente seus direitos políticos. O direito ao voto feminino só foi esclarecido em 1932.
Nas décadas de 60 e 70, os problemas da mulher passaram a ser mais debatidos, inclusive em universidades, congressos e até pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, durante a ditadura, as mulheres representaram um forte movimento de resistência contra o governo militar.
Já na década de 80, mulheres ganham mais espaço para as suas questões por meio da música (como Rita Lee) e da televisão, além de cada vez mais universidades debatendo sobre feminismo. Mulheres também passam a ganhar espaço em empresas e no parlamento brasileiro.
Atualmente, as principais pautas do feminismo brasileiro são o combate à violência doméstica e à discriminação no trabalho. O movimento também se manifesta contra o assédio e o abuso sexual e a favor da legalização do aborto.
Conquistas do feminismo no Brasil
Entre as principais conquistas do feminismo no Brasil, estão:
- Estatuto da Mulher Casada (1962): deu direito a mulheres trabalharem sem necessidade de autorização do marido, entre outras coisas;
- Lei do Divórcio (1977): permitiu a liberdade do casal se divorciar;
- Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (1985): garante a proteção das vítimas de violência doméstica e sexual;
- Cotas eleitorais (1996): garante que chapas eleitorais sejam compostas em, pelo menos, 20% por mulheres;
- Lei Maria da Penha (2006): protege as mulheres de situações de fragilidade e violência doméstica;
- Lei do Feminicídio (2015): classificou como crime qualificado o homicídio contra a mulher por razões da condição do sexo feminino.
O que é ser feminista
Basicamente, toda mulher que perceba que mulheres estão em uma posição inferior na sociedade e que entenda a exploração e a opressão de mulheres pode ser considerada feminista. Após esse momento, as feministas passam a estudar sobre a opressão feminina para entender melhor o movimento e a se reunir com outras feministas, já que esse é um movimento coletivo de luta.
Frequentemente é dito que feministas não se depilam e não são femininas, além de serem de esquerda e odiaram homens. No entanto, para ser feminista não é preciso seguir essas regras, nem concordar com todos os pontos do movimento. Ser feminista está ligado a ouvir a experiência de outras mulheres com o machismo e estar disposta a fazer algo para mudar isso.