Pesquisa recente explica diferenças na prevalência do DNA neandertal entre populações
Restos de neandertais são comuns na Europa, mas DNA é mais presente na Ásia.
Os cientistas têm tentado entender a discrepância na presença do DNA neandertal entre diferentes populações humanas. Em média, pessoas na Eurásia têm cerca de 2% de seu DNA vindo dos neandertais, enquanto no Leste Asiático esse número sobe para 4%.
Isso se tornou um enigma, uma vez que os restos de neandertais são mais frequentemente encontrados na Europa e no Oriente Médio do que a leste das montanhas Altai, na Ásia Central.
A recente publicação na revista Science Advances lançou luz sobre esta questão. O professor Mathias Currat da Universidade de Genebra, coautor do estudo, juntamente com sua equipe, examinou um vasto banco de dados que continha mais de 4.000 genomas antigos da Europa e Ásia. A coleta desses dados foi liderada pelo Dr. David Reich, da Harvard Medical School.
Foi observado que os primeiros humanos que viveram na Europa após os neandertais se extinguirem possuíam uma quantidade de DNA neandertal ligeiramente superior em comparação aos humanos da Ásia. Esta proporção mudou com o tempo, especialmente durante a transição neolítica, quando a agricultura começou a substituir a caça e a coleta.
Durante este período, agricultores da Anatólia se mesclaram com caçadores-coletores da Europa, resultando em uma menor proporção de DNA neandertal nos genomas europeus.
Currat mencionou que a transição na Ásia não está clara devido à falta de amostras. Mesmo assim, Tony Capra, da Universidade da Califórnia, vê esta abordagem de integração do DNA antigo como promissora para entender a evolução humana.
Além da relevância histórica, o DNA neandertal em nós pode ter implicações médicas. Estudos recentes, por exemplo, sugerem que ele pode influenciar a resposta à infecção por Covid-19.