Pai ausente: como isso influencia o desenvolvimento das crianças e o que fazer para ajudar
No Brasil, cerca de 470 crianças são registradas, diariamente, sem o nome do genitor; Saiba como agir diante do problema.
A ausência da figura paterna na infância deixa marcas profundas que, muitas vezes, se manifestam em crises de ansiedade, mal-estar físico, febre, insônia… Esses são apenas alguns dos muitos sintomas apresentados por crianças quando expostas ao contato com o genitor em situações pontuais, como o Dia dos Pais ou aniversários, quase como uma obrigação.
Para se ter ideia, diariamente, 470 crianças brasileiras são registradas sem o nome do genitor na certidão de nascimento. Só no ano passado, dos 2,5 milhões que nasceram, 172,2 mil deles têm a ausência do pai inclusive nos registros oficiais. O número é 5% maior se comparado a 2022.
Os dados são da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Os números são apenas uma parte, a que é possível mensurar, do problema social que é muito mais amplo. Afinal, há muitas crianças que até possuem o nome do genitor nos documentos, mas lidam com a ausência.
Sintomas e consequências
A sensação de abandono tem efeitos diversos na vida das crianças. Ela está presente na vida dos pequenos que, muitas vezes, até convivem com o genitor, mas o pai não compartilha a rotina do filho de forma próxima.
“No campo do humano, não há uma receita, de forma que é impossível cravar quais serão os impactos disso para todos os sujeitos”, explica Simone Alípio, especialista em saúde mental.
Ela reforça que alguns podem ficar mais retraídos e outros, mais agressivos. Outros sentimentos também são recorrentes, como, por exemplo, o de rejeição e inadequação. Eles podem persistir ao longo da vida, afetando inclusive relacionamentos futuros e a própria saúde mental do indivíduo.
Outro sintoma comum é o apego excessivo à mãe, justamente pelo medo de viver uma nova situação de abandono. Isso faz com que a criança transfira toda a carência para a figura da cuidadora.
Como agir
Independente de os pais serem separados ou não, é preciso entender que a parentalidade é um dever de ambos, uma vez que o abandono afetivo por parte de um dos genitores descumpre os deveres do poder familiar descritos no artigo 229 da Constituição e no artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
De toda forma, se houver a ausência do genitor, é preciso que o responsável pela criança responda claramente a todas as perguntas e inquietações do filho, respeitando o nível de maturidade da criança. Além disso, o cuidado precisa ser redobrado para que as frustrações da mãe em relação ao parceiro ou ex-parceiro não sejam transmitidas ao filho.
Por fim, se a sensação de ausência do pai repercute na forma de sintomas na criança ou adolescente, o ideal é buscar ajuda profissional para toda a família. Isso porque, além das questões relacionadas ao abandono para a criança, a mãe precisa compreender que ela não pode e não deve substituir o pai.
*Com informações de O Tempo