O que aconteceu com os escravos após a abolição?
A "libertação" que é refletida até hoje. Saiba como os negros passaram a viver após a assinatura da Lei Áurea
O Brasil foi o último país a acabar com o sistema escravocrata. Depois de 400 anos de escravidão, o dia 13 de maio de 1888 se tornou símbolo da libertação dos escravos no país.
Essa data ficou marcada por ser o dia em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, após um longa luta dos negros pela liberdade. No entanto, há questões que nem sempre são colocadas nos livros de história.
Afinal, você já parou para se perguntar o que aconteceu com os escravos após a abolição?
O Pós-Abolição
A liberdade não assegurou o direito a cidadania aos ex-escravos. Ao contrário. A abolição não garantiu nenhuma forma de os incluir na sociedade. O que os fez ficarem perdidos, sem terras e buscarem subempregos para conseguir viver.
Dessa forma, sem um lugar, aqueles que optaram por permanecer nas fazendas que já trabalhavam, se submetiam a trabalhos inóspitos para ter, pelo menos, alguma forma de sobrevivência.
Os que migraram para a cidade não viveram uma realidade muito distante. Com a grande falta de opção, o que sobrava era servir a outros senhores, ou partir para o trabalho informal.
O período Pós-Abolição ficou marcado por uma discriminação já começada na lei. O sistema prisional foi redefinido após a libertação. Dessa forma, os ex-escravos tinham um tratamento diferente.
A cor da pele já era autopunitiva e carregava as marcas de séculos de submissão e tortura. Os ex-escravos passaram a ser vistos como possíveis criminosos. Fato que aumentava ainda mais o estigma em cima deles.
Para a sociedade da época, a maioria dos crimes eram ligados aos negros. A associação da origem social com as criminalidades cresceu significativamente naquele tempo (e é refletido até os dias atuais).
Isso foi criando demarcações simbólicas, em que os negros vivam em subúrbios e aglomerados. Enquanto isso, o resto da sociedade desfrutava dos mais diversos privilégios.
Reflexos da abolição no século XXI
Apesar de todo o tempo que se passou, a sociedade atual ainda reflete o período escravocrata. A herança racista atravessou as décadas e ainda está enraizada no século XXI.
Mesmo que, na maioria da vezes, o racismo seja exposto de uma forma mais velada, os negros ainda são vistos de um modo diferente. A discriminação é um problema social e cultural, passada de geração em geração.
Portanto, mesmo 130 anos após a abolição , os reflexos da escravidão são sentidos até hoje e somente uma reeducação da sociedade e políticas públicas de inclusão são capazes de tentar mudar esse fato daqui para frente.