Balaiada
A Balaiada foi uma revolta popular que ocorreu na província do Maranhão durante o século XIX.
Resumo
A Balaiada teve seu início a partir das divergências políticas entre as elites conservadoras e liberais. No entanto, a revolta saiu do controle quando as camadas populares, incluindo os escravos, aderiram ao movimento.
Os liberais, chamados de bem-te-vis – nome do jornal que publicavam – eram apoiados pelas classes médias urbanas e pelos grandes proprietários rurais. Eles se opunham aos conservadores chamados de cabanos. Eram eles, produtores de algodão, negociantes portugueses e criadores de gado.
O conflito iniciou-se quando os liberais reagiram às medidas adotadas pelo então presidente da província, Vicente Camargo (cabano).
Uma lei que criava cargos de prefeitos, subprefeitos e comissários de polícia indicados pelo presidente de província foi aprovada pela assembleia provincial. Desse modo, os cabanos monopolizaram os cargos e passaram a perseguir os bem-te-vis.
A crise se instalou quando outras classes começaram a se identificar com os discursos proferidos pelos liberais e, por isso, entraram em cena ao lado dos bem-te-vis.
Os vaqueiros, artesãos e pequenos agricultores foram os primeiros a aderir ao movimento. Um dos estopins do conflito ocorreu quando os pequenos criadores e agricultores foram recrutados para servir nas tropas oficiais.
Raimundo Gomes, vaqueiro e administrador da fazenda de Inácio Mendes – um padre liberal – conduzia a boiada que havia sido vendida à outra propriedade.
Durante a viagem, seu irmão e seus companheiros foram recrutados a força. Inconformado com tal medida, ele invade a cadeia e os solta. Assim, ele se dirigiu para o interior e organizou uma frente contra os conservadores.
A seguir, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira teve seus filhos recrutados e as filhas estupradas por oficiais das tropas. Com isso, ele se tornou um dos líderes do levante contra o governo cabano do Maranhão. Além de pequeno agricultor, Manuel Francisco fabricava balaios. Por isso o nome do conflito é Balaiada.
Outro ponto importante da revolta, foi uma insurreição de escravos liderada por Cosme Bento das Chagas (Preto Cosme), um liberto.
Ele conseguiu reunir quase 3 mil negros, entre libertos e escravizados. Com isso, planejou um levante de escravos, o que preocupou os liberais que não tinham a intenção de abolir a escravidão.
Com a participação de quilombolas, escravos e lavradores pobres, o movimento assumiu um caráter de revolta popular.
O governo regencial respondeu da forma mais cruel possível, reprimindo a rebelião violentamente.
Luís Alves de Lima da Silva logo ao ser nomeado presidente da província, prometeu conceder anistia aos liberais que ajudassem o exército a combater os revoltosos liderados por Preto Cosme que foi condenado à forca.
Mais de 3 mil rebeldes morreram e outros milhares foram presos. Raimundo Gomes aceitou a anistia e Manuel Francisco foi morto em combate.
Líderes
Os principais líderes da Balaiada foram:
- Raimundo Gomes
- Manuel Francisco dos Anjos Ferreira
- Cosme Bento das Chagas
Onde ocorreu a Balaiada?
Na província do Maranhão.
Quais eram os objetivos da Balaiada?
Inicialmente, o objetivo da Balaiada era impedir que os cabanos monopolizassem todos os cargos públicos e perseguissem os liberais.
Com a adesão das camadas populares ao movimento, os objetivos mudaram. Uma parcela queria a interrupção do recrutamento compulsório de homens para compôr as tropas oficiais. Já o outra, ansiava pelo fim da escravidão.
Como foi o fim da Balaiada?
O fim da Balaiada ocorreu quando o general Luís Alves de Lima e Silva assumiu o posto de presidente da província do Maranhão e prometeu anistia aos revoltosos que ajudassem no combate aos insurgentes liderados por Cosme Bento das Chagas.
Tal negociação foi rapidamente aceita. Assim, Preto Cosme e seus rebeldes são derrotados em 1841 e em 1842, ele é enforcado.
Consequências
As principais consequências da Balaiada, foram:
- Milhares de morte
- Prisões
- Reescravização dos negros
- Enforcamento de Preto Cosme
Curiosidades
Existe o Memorial da Balaiada, na cidade de Caxias, Maranhão. Totalmente destinado à rebelião, o centro educativo-cultural é formado por um centro de documentação e um museu.
Em 2018, foi inaugurado o Mirante da Balaiada, um ponto turístico situado na mesma cidade.
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