Cultura Indígena – Características, costumes e curiosidades
A cultura indígena não é só uma, variando de acordo com cada aldeia. No entanto, existem várias características em comum entre os diversos povos indígenas.
Os povos indígenas brasileiros são um conjunto de diferentes grupos étnicos que habitam o país desde antes da colonização portuguesa. Estima-se que existiam cerca de 3 milhões de indígenas divididos em mil povos. No entanto, esse número caiu no século XX e 80 povos indígenas desapareceram. Atualmente, mais de 817 mil pessoas se declaram indígenas.
De acordo com linguistas e historiadores, existem mais de 270 línguas indígenas no Brasil que têm origem em quatro grupos linguísticos: o tupi, o macro-jê, o aruaque e o caribe. Além disso, também existem diversas línguas isoladas, que não se encaixam em nenhum grupo.
Além de línguas semelhantes, os indígenas brasileiros compartilhavam culturas parecidas em certos pontos. As sociedades indígenas, em sua maioria, eram baseadas no coletivismo, na ausência de política e de moeda, em religiões politeístas e na falta de língua escrita.
Por causa disso, indígenas eram vistos como inferiores pelos colonizadores europeus. Na visão europeia, os povos nativos não tinham civilização e não eram capazes de progredir. Contudo, diversos antropólogos e sociólogos se dedicaram a estudar esses povos para mostrar a diversidade da cultura indígena, que não deve ser considerada inferior por causa das suas diferenças com a cultura atual.
Características da cultura indígena
Em primeiro lugar, é necessário saber que não existe uma só cultura indígena. Cada povo tem as suas características culturais próprias e únicas. O que é conhecido como cultura indígena é, na verdade, um resumo das características gerais que vários povos compartilhavam.
Assim, de modo geral, diversos povos indígenas viviam em tribos, uma organização de várias aldeias ligadas por parentesco e interesses em comum. Essas aldeias eram formadas por ocas, habitações coletivas feitas de palha apoiada em estruturas de madeira. Nas ocas, moravam casais com suas famílias, podendo chegar a abrigar até 200 pessoas.
Dentro das ocas era desenvolvida a maior parte da vida familiar. As ocas não tinham paredes, então todos viviam juntos e em cooperação. Além das ocas, as aldeias também tinham uma praça que era usada para atividades comunitárias, como celebrações, rituais e assembleias.
No geral, as aldeais sobreviviam da caça, da pesca e da agricultura, abandonando a área explorada quando os recursos esgotavam. Tudo era dividido entre os membros da aldeia, então não existia pobreza e fome. Os indígenas também tinham o costume de fabricar utensílios para pesca e guerra, como canoas e lanças, para auxiliar nas atividades cotidianas.
Costumes indígenas
Os povos indígenas valorizavam a natureza e os membros mais velhos das aldeias. Geralmente, as sociedades indígenas eram bastante igualitárias e descentralizadas, ainda que com papéis sociais nítidos. Os homens costumavam ser responsáveis pela caça e defesa da tribo, enquanto o papel das mulheres era ligado ao cuidado da casa e à agricultura.
As aldeias como um todo costumavam venerar os ancestrais e eram liderados por anciãos e pajés, que cuidavam das atividades administrativas da tribo. Essas figuras eram responsáveis por resolver conflitos internos, conduzir rituais e tomar decisões coletivas.
Outros costumes comuns na cultura indígena são ligados a alimentação, arte e religião.
Alimentação indígena
Antes da colonização portuguesa, a alimentação dos povos indígenas era baseada no consumo de frutas, legumes, verduras, peixes e carnes de caça. Entre os alimentos mais comuns, estão o milho, a mandioca, a batata-doce, o amendoim e a banana. A culinária indígena introduziu pratos como a pamonha e o beiju, consumidos em grande escala até hoje.
A alimentação indígena também influenciam em alimentos a base de carne consumidos na atualidade, como a moqueca, feita com peixes, e em pratos feitos com tartarugas. Além disso, os indígenas usavam plantas para fabricar utensílios domésticos, como a vassouras e cestos.
Arte indígena
Mesmo sem linguagem escrita conhecida, os indígenas brasileiros desenvolveram muitos sinais e formas gráficas pintadas em pedras. Essas pinturas rupestres, como são chamadas, contam narrativas do cotidiano dos povos e são consideradas uma forma artística da comunicação.
Além da pintura rupestre, muitas culturas desenvolveram outras formas de arte, como a música, a dança, a cerâmica, a tecelagem, a cestaria, a pintura corporal e a arte plumária. Essa produção artística servia para expressar ideais e simbolizar conceitos religiosos.
Acreditava-se que a música, por exemplo, era recebida através dos sonhos por intervenção divina. Por causa disso, a música era ligada a religião, mas também existiam canções sobre amor e saudade.
A dança indígena também desempenha um papel religioso, sendo realizada em rituais como forma de agradecimento ou pedido às divindades. As danças podiam ser realizadas em grupo ou individualmente e tinham diferentes objetivos, como homenagear os mortos ou afastar maus espíritos.
Pintura corporal e arte plumária
Outros dois aspectos da cultura indígena que são considerados expressões artísticas, mas que, na verdade, possuem caráter religioso são a pintura corporal e a arte plumária.
A pintura corporal é feita com pigmentos extraídos de diversas plantas, como a tinta vermelha de urucum. Essas pinturas podem significar sexo, idade, posição social e aldeia, servindo como um fator de identificação cultural do indígena.
Do mesmo modo, a arte plumária é feita com penas de aves e serve para identificar a pessoa, a família, a posição social e até estados de espírito. A forma de arte plumária mais conhecida é o cocar, mas outras peças também são feitas com penas, como cintos e pulseiras.
Religião indígena
Existem poucas informações além do que foi anotado pelos colonizadores sobre as religiões indígenas. No geral, percebe-se que não existia uma única religião indígena, e sim que as práticas religiosas variavam de acordo com a aldeia.
Dessa forma, as religiões indígenas, em sua maioria, adoravam várias divindades ligadas a elementos da natureza, como plantas, animais e seres mitológicos. Nas aldeias, também existiam os pajés ou xamãs, que eram figuras religiosas que realizavam a mediação entre o plano divino e o humano.
Além disso, os indígenas também acreditavam em demônios e espíritos da floresta, como o Curupira. Diversas lendas ligadas às religiões indígenas são conhecidas na atualidade, como as lendas do Boto, da Iara e da Boitatá.
Curiosidades
- Cerca de 20 mil palavras da Língua Portuguesa têm origem indígena, como maracujá, tambaqui, caju, pirarucu e mandioca;
- Quando os portugueses chegaram ao Brasil, existiam tribos que praticavam o canibalismo, o incesto e a feitiçaria;
- Os tupi-guarani costumavam fazer uma bebida alcoólica chamada caoim, produzida a partir da fermentação de mandioca que era mascada e cuspida por vários membros da tribo;
- Antes da chegada dos portugueses, os indígenas brasileiros não realizavam trabalhos com metais;
- Os indígenas foram os primeiros a alterar a Floresta Amazônica, já que existem várias espécies de plantas domesticadas na região;
- Existem cerca de 67 povos isolados no Brasil, ou seja, aldeias indígenas que ainda não tiveram contato com a civilização;
- No Brasil, o dia do Índio é comemorado em 19 de abril. A data serve para relembrar a cultura indígena e reflexão sobre a importância da preservação desses valores;
- Atualmente, os indígenas preferem ser reconhecidos dessa forma do que pela palavra índio, já que essa palavra é considerada preconceituosa, enquanto a palavra indígena significa “originário, aquele que está ali antes dos outros”, fazendo mais sentindo com a história desses povos.