Governo Campos Sales

Campos Sales foi o quarto presidente do Brasil, com um governo marcado pelos interesses das oligarquias rurais e pela Política dos Governadores.

O Governo Campos Sales corresponde ao período em que Manuel Ferraz de Campos Sales foi presidente do Brasil, entre 1898 e 1902. Seu governo foi marcado pela consolidação dos interesses das oligarquias rurais, principalmente dos agricultores de café, e pela Política do Governadores.

Biografia de Campos Sales

Manuel Ferraz de Campos Sales nasceu em Campinas, no estado de São Paulo, no dia 15 de fevereiro de 1841. Por volta dos 22 anos, ele se formou em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, ingressando no Partido Liberal logo em seguida. Alguns anos mais tarde, ainda durante o reinado de Dom Pedro II, Campos Sales foi um dos fundadores do Partido Republicano Paulista.

Na sua carreira política, ele foi vereador, deputado geral e deputado provincial por três vezes. Após a Proclamação da República, Campos Sales foi nomeado ministro da Justiça no governo provisório de Deodoro da Fonseca e iniciou a criação do Código Civil da República.

Em 1891, Campos Sales foi eleito senador, permanecendo no cargo até 1896, quando renunciou para se tornar presidente do estado de São Paulo. Nessa função, ele enfrentou um surto de febre amarela, conflito na colônia italiana e uma onda de violência, além de ter enviada tropas para a Guerra de Canudos.

Após aproximadamente um ano como presidente do estado, ele renunciou para se candidatar à presidência, vencendo as eleições contra Lauro Sodré, militar apoiador de Floriano Peixoto. Assim, Campos Sales se tornou o 4º presidente do Brasil, sendo sucessor de Prudente de Morais no cargo.

Após o mandato presidencial, Campos Sales ainda atuou como diplomata na Argentina e novamente como senador, entre 1911 e 1913. Ele faleceu em 28 de junho de 1913, vítima de uma embolia cerebral, aos 72 anos de idade.

Características do Governo Campos Sales

Mesmo que Prudente de Morais tenha sido o primeiro presidente civil, o fim da dominação dos militares na política só se consolidou no governo de Campos Sales. Ao invés de priorizar interesses de militares, ele focou em atender aos interesses das grupos oligárquicos rurais, principalmente dos produtores de café.

Quando Campos Sales assumiu o mandato, em 1898, a crise econômica deixada pelo Governo Prudente de Morais, com a inflação em alta e a moeda desvalorizada. Enquanto isso, o café, principal produto de exportação do Brasil na época, estava com a produção em alta, mas com preços baixos no mercado mundial.

Dessa forma, enfrentar a crise econômica, iniciada na Crise do Encilhamento no Governo Deodoro da Fonseca, foi a prioridade do governo de Campos Sales. Ele continuou e expandiu com a política de funding loan para renegociação da dívida externa.

Nesse processo de renegociação de dívidas, os banqueiros da Inglaterra fizeram o empréstimo de cerca de 10 milhões de libras ao Brasil, mas com algumas condições. Entre elas, estava a exigência de que o governo brasileiro reduzisse a inflação e adotasse medidas para valorizar a moeda.

Assim, o ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, executou medidas econômicas para diminuir os gastos do governo. Algumas dessas medidas foram a suspensão de obras públicas e de investimentos na indústria, a criação e o aumento de impostos e o corte no salário dos trabalhadores. O objetivo dessas medidas também era tornar o Brasil um grande exportador de produtos agrícolas, como a borracha e o algodão. 

Essas medidas econômicas de fato ajudaram na valorização da moeda, mas trouxeram outros problemas, como prejuízos nas indústrias nacionais e a diminuição da qualidade de vida da população.

Política dos Governadores

Além das medidas econômicas, Campos Sales também buscou agradar as oligarquias brasileiras para estabilizar a política. A principal medida criada foi a Política dos Estados, mais conhecida como Política dos Governadores. Essa política foi um acordo feito entre o Governo Campos Sales com os grupos dominantes de cada estado.

Dentro desse acordo, foi dada a abertura para que as oligarquias interferissem no resultado eleitoral, podendo selecionar os deputados por meio da Comissão Verificadora de Poderes. Assim, só exerciam mandato os deputados que contavam com o apoio da oligarquia.

Dessa forma, os líderes regionais exerciam maior poder e enfrentavam menor oposição durante seus mandatos, o que também era benéfico para Campos Sales. Com isso, muitas famílias passaram a dominar a política estadual.

No Congresso Nacional, os estados mais populosos tinham mais cadeiras, o que consolidou a supremacia dos interesses políticos de Minas Gerais e São Paulo. Essa relação ficou conhecida como Política do Café com Leite, em uma referência ao principal produto agrícola de cada estado.

Um efeito dessa política foi o fortalecimento dos “coronéis”, as figuras políticas regionais, geralmente grandes donos de terra, que governam por meio do coronelismo. Esse sistema consiste na influência dos coronéis no poder público. Então, coronéis manipulavam as eleições por meio do voto de cabresto para conseguir que seus candidatos fossem eleitos sem oposição.

Fim do Governo Campos Sales

Em 15 de novembro de 1902, o mandato presidencial de Campos Sales chegou ao fim, encerrando o Governo Campos Sales. Por causa de suas medidas econômicas que prejudicaram a vida da população, ele foi vaiado ao embarcar no trem e por dez quilômetros do trajeto que o levaria de volta para São Paulo.

Durante as eleições, Campos Sales apoiou Rodrigues Alves, que veio a se tornar seu sucessor como presidente.

Veja também: 

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