Fascismo
O fascismo é uma ideologia política nacionalista e autoritária que surgiu na Itália após a Primeira Guerra Mundial por meio do seu líder Benito Mussolini.
Essa ideologia surgiu da Itália durante a Primeira Guerra Mundial, expandindo-se a outros países da Europa de outras formas, como o nazismo na Alemanha, e chegando até mesmo no Japão. A adesão a essa ideologia foi tão forte que acabou sendo uma das causas da Segunda Guerra Mundial.
O que é fascismo
Como a ideologia existiu em vários lugares e de diversas maneiras, é difícil definir de forma ampla o que é o fascismo. De acordo com o cientista político Chip Berlet, também é difícil definir o fascismo por seu caráter de camaleão, já que a corrente se apropriava de símbolos históricos para ganhar força.
Sendo assim, a definição mais apurada é que o fascismo é uma ideologia política extremamente nacionalista e autoritária. Desse modo, o fascismo é um movimento que defende doutrinas radicais da direita conservadora. No entanto, a direita conservadora não é necessariamente fascista, mas o fascismo é a versão extrema da direita conservadora.
Além disso, o fascismo despreza a democracia eleitoral e a liberdade política e econômica e acredita em uma hierarquia social natural com o domínio das elites. O fascismo também se opõe ao liberalismo, ao comunismo e ao anarquismo.
Para o fascismo, é necessária a mobilização da sociedade sob o comando de um estado totalitário de partido único. Do mesmo modo, essa ideologia prega que o estado deva ter um forte líder, como um ditador ou militar, que seja capaz de manter a ordem social. Por fim, o fascismo acredita que a violência, a guerra e o imperialismo sejam meios para alcançar o sucesso da nação.
Em resumo, o fascismo é uma ideologia que cria regimes autoritários, hierárquicos e elitistas. Assim, o termo “fascismo” pode se referir ao:
- Fascismo italiano, movimento liderado por Benito Mussolini;
- Nazismo, uma expressão extrema do fascismo, desenvolvido na Alemanha por Adolf Hitler;
- Regimes inspirados no fascismo italiano, como o salazarismo (Portugal), franquismo (Espanha), movimento Ustasha (Croácia) e o estatismo (Japão).
Características do fascismo
Entre os diversos regimes fascistas, sobretudo no italiano, as principais características do fascismo que foram percebidas são:
- Adoção do unipartidarismo;
- Controle de funções do Estado relacionadas à política, economia, cultura e sociedade, entre outras;
- Desconsideração aos valores liberais e coletivistas;
- Desejo de expansão imperialista;
- Veneração ao líder;
- Exaltação aos valores tradicionais;
- Vitimização de alguns grupos da sociedade para iniciar uma perseguição contra esses “inimigos do povo”;
- Ideias populistas como forma de controlar as massas;
- Desprezo por outras formas de governo, principalmente as socialistas e comunistas;
- Condenação das práticas da política tradicional.
Quando surgiu o fascismo
No final do século XIX, surgiram diversos pensadores na Europa com teorias que incentivavam o nacionalismo, como o darwinismo social. Além disso, também apareceram ideias de que uma “minoria organizada” precisava dominar a “maioria desorganizada” e de que a violência era necessária.
Com a Primeira Guerra Mundial, um grupo fascista italiano surgiu como apoio a participação da Itália no conflito contra os alemães e o Império Áustro-Húngaro. Para esses primeiros fascistas, a guerra foi uma forma de causas mudanças revolucionárias para fortalecer o Estado.
No final da Primeira Guerra, Benito Mussolini, como líder do fascismo na Itália, aumentou as críticas ao socialismo e ao marxismo, principalmente por ocasião da Revolução Russa. Por causa desse alinhamento com valores de direita política, a adesão do Partido Nacional cresceu, tornando-se a ditadura que governou a Itália a partir de 1922.
Com o sucesso do fascismo na Itália, vários outros movimentos fascistas surgiram na Europa, como o Guarda de Ferro na Romênia. No entanto, com a derrota do fascismo italiano e do nazismo alemão durante a Segunda Guerra Mundial, vários regimes fascistas chegaram ao fim, mesmo que a ideologia ainda exista atualmente.
Crise de 1929 e a ascensão do fascismo
A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma crise financeira capitalista que começou em 1929 e só terminou com a Segunda Guerra Mundial, em 1939. As causas dessa crises estão extremamente relacionadas com a Primeira Guerra Mundial.
Com o fim do primeiro conflito, os Estados Unidos, que só entrou no final da guerra e não teve nenhuma batalha em seu território, passou a conceder empréstimos para a reconstrução dos países da Europa. Assim, os estadunidenses aumentaram o seu poder de consumo e o dólar ganhou força internacionalmente.
No entanto, esses empréstimos deixaram de ser necessários com a recuperação da Europa e os países europeus não davam conta de arcar com os juros altos dessas operações. Dessa forma, toda a economia dos Estados Unidos entrou em colapso e muitas pessoas perderam seus empregos, suas casas e passaram fome.
Na Europa, já o fascismo e o nazismo já tinham grande representatividade política na Itália e na Alemanha. Com a crise, os líderes desses movimentos encontraram mais argumentos contra a democracia liberal para defender seus governos autoritários.
Portanto, a crise de 1929 fortaleceu o fascismo italiano e fez com que outros movimentos autoritários surgissem a partir desse ano. Até mesmo no Brasil foram sentidos os efeitos dessa crise, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder em 1930, evento que iniciou uma ditadura no país.
Qual a diferença entre fascismo, nazismo e comunismo
Tanto o fascismo como o nazismo são ideologias políticas de caráter totalitário e nacionalista que se desenvolveram na Europa no período entre guerras. Ambos são representados por líderes fortes que se utilizaram de ideias populistas e da violência como forma de repressão da oposição.
Entretanto, o nazismo é considerado como uma forma de fascismo ainda mais extrema por incorporar o racismo científico e, principalmente, o antissemitismo. Além disso, o nazismo também possuía um caráter mais expansionista do que o fascismo italiano, já que buscava criar uma Grande Alemanha.
Por sua vez, o comunismo em nada se relaciona com esses conceitos, pois consiste em um sistema socioeconômico que defende que os meios de produção pertencem a toda a sociedade, ao contrário da negação do coletivismo do fascismo. Dessa forma, o comunismo é o oposto do fascismo, tanto que os líderes fascistas criticavam esse sistema.
Conceitos atuais
Além do fascismo tradicional praticado na Itália, surgiram outros conceitos de fascismo aplicados para a realidade atual.
Neofascismo
Diversos grupos que surgiram após a Segunda Guerra Mundial que admiram Benito Mussolini e a Itália fascista. Geralmente, os grupos neofascistas defendem o nacionalismo, o nativismo (valorização extrema da cultura para diminuir a influência de outra) e o anticomunismo. Além disso, também são contra a democracia liberal e o parlamentarismo, defendendo governos ditatoriais.
Fascismo de esquerda
Termo usado pelo sociólogo Jürgen Habermas para descrever movimentos terroristas de extrema-esquerda dos anos 60. Esses movimentos utilizavam táticas fascistas para defender valores socialistas e comunistas, sendo o contrário do discurso racional e não violento defendido por Habermas. O termo também passou a ser usado de forma pejorativa contra qualquer ideologia de esquerda.
Uso de fascista como insulto
Atualmente, a palavra “fascista” tem sigo amplamente usada como insulto de forma genérica e incorreta. Dessa forma, qualquer personalidade com características autoritárias é categorizada como fascista erroneamente. Assim, a expressão perde o significado e a relação com essa ideologia específica que foi uma das causa da Segunda Guerra Mundial.
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