Governo Hermes da Fonseca
Hermes da Fonseca foi o oitavo presidente do Brasil, entre 1910 e 1914, com um governo marcado pela política das salvações.
Biografia de Hermes da Fonseca
Hermes Rodrigues da Fonseca nasceu em São Gabriel, município do Rio Grande do Sul, no dia 12 de maio de 1855. Ele era filho do marechal Hermes Ernesto da Fonseca e sobrinho marechal Deodoro da Fonseca, além de ter outros familiares no exército.
Aos 16 anos, Hermes da Fonseca se formou em ciências e letras e ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha. Lá, ele foi aluno de Benjamin Constant, sendo influenciado pelas ideias positivistas de Auguste Comte.
Durante o Segundo Reinado, ele atuou como ajudante de ordens do conde d’Eu, o marido da princesa Isabel. Após a Proclamação da República, Hermes serviu com secretário militar no governo de seu tio, mas se destacou somente no comando da defesa durante a Segunda Revolta da Armada, no governo de Floriano Peixoto.
Em 1904, enquanto comandava uma escola que formava oficiais do exército, Hermes da Fonseca reprimiu a Revolta da Vacina. Assim, ele foi promovido a marechal pelo presidente Rodrigues Alves. Em seguida, ele desempenhou vários cargos público até se tornar ministro da Guerra no governo de Afonso Pena.
Após um ano e meio como ministro, Hermes deixou o cargo e viajou para a Alemanha para assistir manobras militares como convidado do imperador alemão Guilherme II. Quando retornou, foi indicado para a sucessão presidencial, sendo apoiado pelo presidente Nilo Peçanha e pelas oligarquias estaduais do Congresso.
No entanto, Hermes não foi apoiado pelas bancadas de São Paulo e da Bahia, que apoiaram o senador Rui Barbosa e o presidente de São Paulo Albuquerque Lins para a vice-presidência. Desse modo, aconteceu a primeira campanha eleitoral com real clima de disputa do Brasil.
Rui Barbosa viajou pelo país e discursou em comícios, em uma relação próxima à população, no que ficou conhecido como campanha civilista. No entanto, o marechal Hermes da Fonseca venceu às eleições, junto com seu vice-presidente Venceslau Brás, tornando-se o 8º presidente do Brasil, no dia 15 de novembro de 1910.
Características do Governo Hermes da Fonseca
A principal característica do governo Hermes da Fonseca foi a política das salvações. O objetivo dessa medida era alterar as forças políticas para beneficiar aliados de oligarquias menos influentes. Assim, ele estabeleceu intervenções militares nos estados para destituir governadores, substituindo por outros indicados pelo próprio Hermes da Fonseca.
Na teoria, a política salvacionista seria uma forme de consolidar as instituições republicanas e acabar com a corrupção. Na realidade, as intervenções eram contrárias aos princípios republicanos e serviam para centralizar o poder político.
O resultado dessa política foi uma série de revoltas no Nordeste, onde aconteceram a maior parte das intervenções. Uma dessas manifestações foi a Revolta de Juazeiro, sob a liderança do padre Cícero, sendo uma revolta popular tão violente que o presidente recuou. No entanto, outras tentativas de manifestações foram reprimidas, algumas violentamente, como a que resultou no bombardeio de Salvador.
Outra manifestação que abalou o mandato de Hermes da Fonseca foi a Revolta da Chibata, que aconteceu logo no início do mandato. Nessa ocasião, os marinheiros se revoltaram contra as péssimas condições de trabalho nos navios e os castigos físicos. Inicialmente, o governo atendeu aos pedidos, mas voltou atrás e prendeu e castigou os revoltosos.
Durante a gestão de Hermes da Fonseca, também eclodiu a Guerra Santa do Contestado, nos estados do Paraná e Santa Catarina. A guerra foi iniciada por sertanejos expulsos de grandes fazendas por coronéis locais. Diversas expedições militares foram enviadas pelo governo, mas o conflito só chegou ao fim no mandato de Venceslau Brás.
Além disso, Hermes da Fonseca continuou com a construção de ferrovias e de escolas técnicas. Ele também continuou com a política de funding loan (renegociação da dívida externa) de Campos Sales e estabeleceu o uso da faixa presidencial.
Fim do Governo Hermes da Fonseca
O marechal Hermes da Fonseca deixou a presidência ao fim do seu mandato, no dia 15 de novembro de 1914. Em seguida, o seu ex-vice-presidente Venceslau Brás assumiu a presidência, após ser eleito com o apoio de Hermes da Fonseca.
O marechal chegou a ser eleito ao Senado, mas não assumiu o cargo por causa do assassinato de Pinheiro Machado. Ao invés disso, ele se afastou da política e morou na Europa por seis anos. Quando voltou, foi contrário ao governo de Epitácio Pessoa por apoiar a candidatura de Nilo Peçanha e se envolveu em uma revolta militar fracassada.
Por causa disso, ele foi preso por duas vezes em julho de 1922, sendo libertado apenas em janeiro de 1923. Com a saúde já debilitada, Hermes da Fonseca deixou a vida pública e se mudou para a casa de seus sogros em Petrópolis, onde faleceu em 9 de setembro de 1923, aos 68 anos de idade.
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